Dia Internacional Contra a Corrupção – 9 de dezembro de 2010

Diretor Executivo do UNODC, Yury FedotovMensagem do Diretor Executivo do UNODC, Yury Fedotov, pelo Dia Internacional Contra a Corrupção

A corrupção ameaça a segurança, impede o desenvolvimento e mina as instituições democráticas, especialmente nas regiões mais vulneráveis do mundo. Ela distorce os mercados, restringe o crescimento econômico e inibe investimentos estrangeiros. No setor público, a corrupção prejudica os serviços públicos e a confiança no governo. A corrupção também favorece práticas ilegais que podem prejudicar o meio ambiente e a saúde pública.

A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, que conta hoje com a adesão de 148 países, estabelece obrigações e diretrizes pré-acordadas para combater a corrupção em todo o mundo. No ano passado, os Estados-Parte da Convenção estabeleceram um inovador mecanismo de revisão para ajudar os países a identificar e a apontar as lacunas nas leis e práticas nacionais contra a corrupção. Este é um avanço importante na luta global contra a corrupção que pode ajudar os governos a proteger os recursos públicos para beneficiar seus cidadãos.

O setor privado desempenha um papel fundamental na promoção do desenvolvimento, mas vem ficando para trás do setor público nos esforços para acabar com a corrupção. No ano passado, vários países intensificaram a aplicação de leis anticorrupção e assistimos a indiciamentos de alto nível de grandes empresas, mas muitos desses casos acabaram em acordos. As empresas foram multadas em bilhões, mas esse dinheiro ficou nos estados nos quais o acordo foi alcançado, não voltou para os países de onde foi roubado. Os perdedores são pessoas comuns. Nós precisamos resolver esse déficit de integridade. Eu convoco o Grupo de Trabalho sobre a Recuperação de Ativos para resolver isto.

É do interesse do setor privado prevenir a corrupção. Economias mais fortes e sociedades mais prósperas são atraentes para os negócios.

Existem vários incentivos para que o setor privado rejeite a corrupção. Acima de tudo, é caro. A corrupção carcome os lucros, aumenta os preços e reduz qualidade. Mas também é imoral. Ela acaba com a confiança das empresas e a integridade corporativa e destrói a reputação de empresas respeitadas.

O que o setor privado pode fazer para alcançar os avanços do setor público no combate à corrupção? Eu desafio os empresários a dar o tom partindo de cima com uma política de tolerância zero com a corrupção. A adotar políticas anticorrupção alinhadas com a Convenção das Nações Unidas e a estabelecer um sistema de freios e contrapesos necessários para fortalecer a integridade e a transparência. Inspirem-se no mecanismo de revisão da Convenção e monitorem o seu desempenho. E invistam na infraestrutura institucional dos países nos quais vocês fazem negócios.

Eu também os convoco a trabalharem mais próximos das Nações Unidas e a se juntar ao Pacto Global das Nações Unidas, cujo décimo princípio é trabalhar contra a corrupção. Façam parte da nossa campanha global contra a corrupção e utilizem a sua influência para promover práticas éticas de negociação.

Mãos limpas são boas para os negócios.

Yury Fedotov é Diretor Executivo do Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC)