Arquivo da tag: AOC Forum

Haiti em discussão no III Fórum da Aliança de Civilizações

Participantes em debate na sessão sobre o Haiti na Aliança de Civilizações. Foto: UNIC Rio/Javier Abi-SaabNo primeiro Fórum da Aliança de Civilizações realizado na América Latina, não poderia ser deixado de lado um dos principais problemas da região: o caso do Haiti. O Primeiro-Ministro haitiano, Jean-Max Bellerive, declarou que observa seu país como um caso de “falha dos princípios da Aliança”, ou pelo menos como uma “vitória diferenciada”.

Bellerive fez uma breve introdução sobre como o Haiti foi um país isolado desde suas origens. Por ser o primeiro país negro a conseguir sua independência e por apresentar uma cultura extremamente diferenciada do resto dos países das Américas – quase 100% da população pratica o vooduismo e o francês é a língua oficial -, o Haiti sempre pareceu muito distante dos outros países do continente e seu isolamento parecia inevitável.

“Tudo isto até o 12 de janeiro. Depois do terremoto, o mundo inteiro se voltou para o Haiti”, disse o Primeiro-Ministro, aproveitando para agradecer a solidariedade mostrada pela comunidade internacional. Ele admitiu que é difícil falar de oportunidades quando houve mais de 250 mil mortes na tragédia, mas acredita ser possível que a partir destes encontros o povo haitiano possa encontrar finalmente o caminho para o desenvolvimento.

A representante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Vera Machado, discursa em sessão sobre o Haiti ao lado do Primeiro-Ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive. Foto: UNIC Rio/Javier Abi-Saab.
A representante do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Vera Machado, discursa em sessão sobre o Haiti ao lado do Primeiro-Ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive. Foto: UNIC Rio/Javier Abi-Saab.

Vera Machado, representante do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, substituindo o ministro Celso Amorim, ressaltou o papel de solidariedade dos militares brasileiros e os projetos de ajuda humanitária, de combate à fome e à pobreza, que o Brasil vem desenvolvendo desde que assumiu a liderança da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH). Ela apontou a necessidade de um compromisso com a reconstrução do Haiti e convidou os demais países a se juntarem nessa empreitada.

Edmond Mulet, Chefe da MINUSTAH, expôs as principais ações do Missão de Paz da ONU no país, destacando a criação de dois campos de refugiados, trabalhos em projetos de desenvolvimento econômico e a obtenção da estabilidade política, considerada essencial para atingir um desenvolvimento consistente.

Ricardo Seitenfus, representante da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Haiti, declarou que os trabalhos da organização interamericana estão focados na recuperação da qualidade de vida da sociedade e na melhoria e garantia da democracia no país. Seitenfus exaltou a reação do povo haitiano frente ao terremoto. “Eles são um exemplo de humanismo e solidariedade que eu jamais havia visto. É um povo que sofre demais, mas que tem uma grandeza de alma que permitiu a reação de uma maneira ordeira, solidária e admirável”.

Primeiro-ministro turco aponta necessidade de eliminar todas as armas nucleares do mundo

Primeiro Ministro da Turquia, Recep Tayyip ErdogaA exemplo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, fez um discurso anti-armas nucleares durante a abertura do III Fórum da Aliança de Civilizações, nesta sexta-feira (28). Erdogan afirmou que “o armamento nuclear é algo repulsivo e ameaça o nosso futuro”. “Temos que eliminar todas as armas nucleares do mundo”, disse.

Segundo ele, as diferenças culturais e religiosas são resultado natural da condição humana e “fazer dessas diferenças um pretexto para criar conflitos é destruir a própria humanidade”. O primeiro-ministro turco declarou que atualmente há no mundo uma série de ameaças que todos conhecemos e testemunhamos, como o “tráfico de mulheres, tráfico de drogas e o aquecimento global”.

“No entanto, há outras ameaças que talvez não estejam sendo vistas. O preconceito, a intolerância, a impaciência e a discriminação. Devemos trazer a atenção do mundo para elas e mostrar que podemos eliminá-las”, afirmou.

Segundo Erdogan, a Aliança de Civilizações tem o papel fundamental de deixar claro que diferentes culturas e civilizações podem coexistir em paz. “É preciso abraçar a todos sem discriminação. Quem quer justiça e igualdade deve tratar as pessoas dessa forma”, concluiu.

“Energia nuclear deve ser ferramenta para o desenvolvimento e não ameaça à paz mundial”, diz Lula

Lula discursa na abertura do III Fórum da Aliança de CivilizaçõesO presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (28) que a energia nuclear deve ser uma ferramenta para o desenvolvimento e não uma ameaça à paz mundial. Em discurso durante a abertura do III Fórum da Aliança de Civilizações, Lula lembrou que o Brasil é um dos poucos países cuja constituição proíbe a produção de armas nucleares e disse que “a existência de armas de destruição em massa faz do mundo um lugar menos seguro”.

Lula declarou que sua experiência como sindicalista o ensinou que posições inflexíveis afastam a possibilidade das soluções de paz que a maioria aspira – e que, com esses princípios, viajou a Tel-Aviv (Israel) e Ramalá (Cisjordânia), tentando buscar a paz.

“Com esse propósito, o primeiro-ministro Erdogan (da Turquia) e eu fomos a Teerã (Irã) buscar com o presidente Ahmadinejad uma solução negociada para um conflito que ameaça muito mais do que a estabilidade de uma região importante do planeta. O mundo precisa do Oriente Médio em paz”, afirmou.

O presidente destacou que a tolerância é fundamental para paz e citou as diversas etnias, religiões e culturas que, juntas e convivendo pacificamente, compõe a nação brasileira.

Lula falou ainda que a juventude é a promessa do futuro e sua participação em programas de diálogo é indispensável para a construção de um ambiente naturalmente tolerante. Segundo ele, esse deve ser o centro deste III Fórum da Aliança de Civilizações, ao lado do papel decisivo que tem os meios de comunicação.

“Esse terceiro fórum confirma que não devemos perder o entusiasmo ouvindo aqueles que duvidam que atinjamos nossos objetivos. É fundamental o diálogo entre estados e sociedades que desejam criar um mundo baseado na compreensão e na solidariedade. Essa é a mensagem”, finalizou o presidente.

Sessão sobre islamofobia encoraja maior diálogo entre Ocidente e Oriente

O Alto Representante para a Aliança de Civilizações, Jorge Sampaio, discursa durante sessãoA  mesa redonda “Lidando com a Islamofobia – oportunidades não aproveitadas para o respeito mútuo e a inclusão”, ocorrida nesta quinta-feira (27) no III Fórum da Aliança de Civilizações, contou com a presença de diversos representantes das Nações Unidas, entre eles o Alto Representante para a Aliança de Civilizações, Jorge Sampaio, representantes de Estados-Membros e outras entidades envolvidas no tema. Os palestrantes apontaram a falta de conhecimento entre o Ocidente e o Oriente como a maior dificuldade para se resolver a questão.

Capitaneado pela Organização da Conferência Islâmica (OCI), pelo Conselho da Europa (CE) e pelo Conselho Britânico (BC, em inglês), o debate consistiu em discursos dos representantes sobre as grandes problemáticas do tema. Na abertura da sessão, Sampaio citou essa troca de experiências como uma plataforma para o diálogo mais aberto entre as partes, de modo a acabar com o preconceito e a ignorância.

Os integrantes da mesa apontaram a falta de conhecimento das pessoas em geral sobre o mundo islã, sempre ligado à violência e à opressão dos direitos humanos. Muitos deles apontaram a mídia como formadora de estereótipos negativos aos muçulmanos no Ocidente e vinculadora de informações distorcidas.

Muitos dos falantes sugeriram intercâmbios educativos e culturais entre países para proporcionar um maior entendimento entre as partes e destacaram a função dos meios de comunicação na formação de uma boa imagem da realidade islâmica e no combate à ignorância. Sampaio terminou a sessão afirmando que este é um problema global, que atinge a todos, e, por isso, deve ter toda a atenção da comunidade internacional para ser prontamente discutido.

Confira a entrevista concedida ao UNIC Rio pelo Alto Representante das Nações Unidas na Aliança de Civilizações, Jorge Sampaio:

[audio:http://canopus.teste.website/~unicrioorg/audio/audiojorgesampaio.mp3|artists=UNIC Rio|titles=Entrevista do Alto Representante das Nações Unidas na Aliança de Civilizações, Jorge Sampaio|width=100%]

Cineastas famosos de vários continentes apresentam filmes no III Fórum da Aliança de Civilizações da ONU

Amanhã, quinta-feira, dia 27 de maio de 2010, às 16h00, renomados artistas e cineastas como Fanny Ardant, da França, Tatá Amaral e Júlia Bacha do Brasil, Masbedo, da Itália, e Idrissa Ouedraogo, de Burkina Fasso receberão a imprensa em coletiva na sala de imprensa do Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Na ocasião, será apresentado o projeto “Then and now”, um projeto colaborativo que envolve artistas e cineastas famosos de cinco continentes, para criar roteiros de filmes que ilustram os laços entre culturas e credos.

Na ocasião também será apresentado o documentário da cineasta brasileira Julia Bacha, vencedor do Prêmio do Público no Festival Internacional de São Francisco, do Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Tribeca e no Documenta Madrid, e segundo lugar do Prêmio do Público no Festival Internacional de Berlim.

Esse projeto foi concebido e produzido pela ART for the World, uma ONG ligada ao Departamento de Informação Pública da ONU. Os filmes serão mostrados também na mostra que faz parte do III Fórum da Aliança de Civilizações das Nações Unidas que acontece no Rio entre os dias 27 e 29 de maio com o tema “Unindo as Culturas, Construindo a Paz”.

Veja também

Projeção Vídeo “Then and Now” – Cinemateca do MAM – 27 de maio, 16h30
Art of the World e SESC São Paulo apresentam “Then and Now, Beyond Borders and Differences/ Alem das fronteiras e diferenças”, com a pré-estreia de curtas que integram o longa-metragem
Carnaval dos Deuses de Tatá Amaral, Brasil
Chimeres absenes de Fanny Ardant, Franca
Distante un padre de Masbedo, Italia,
GAO de Robert Wilson, EUA

Apos a exibição (aprox. 30 min), haverá uma debate com a participação dos cineastas: Tatá Amaral, Fanny Ardant, Masbedo/Nicolo Massazza & Iacopo Bedogni, Idrissa Ouedraogo. Esta parte estará aberta aos participantes do Fórum.

Projeção do Filme Budrus e discussão – Cinemateca do MAM- 27 de maio,14h30- 16h00

Vencedor de vários prêmios internacionais, a Brasileira Julia Bacha apresentará o documentário BUDRUS.

Vilarejo na fronteira entre a Cisjordânia e Israel, Budrus ocupou as manchetes em 2003, quando foi palco de um inusitado protesto não-violento. O motivo foi o anúncio da construção de um muro pelo Governo israelense que destruiria oliveiras históricas e economicamente importantes. A frente do movimento estava Ayed Morrar, cuja liderança comunitária e pacifista uniu em torno da causa facções palestinas rivais, como a Fatah e o Hamas, e judeus progressistas. Também importante para a mobilização foi Iltezam, a filha de Morrar, que conseguiu uma adesão maciça de mulheres. Ouvindo todos os lados envolvidos, a diretora brasileira de origem libanesa, Julia Bacha, monta um amplo painel de uma situação explosiva no Oriente Médio que encontrou solução por via pacífica.

Para assistir ao trailer e ler mais sobre o filme, visite www.budrusthemovie.com

Contato para a coletiva:
Stephanie Durand
| (21) 8027-8323
| [email protected]